Pinheiro do ano
Olá! Nasci
aqui na mata, e é aqui que vivo. Às vezes passam por aqui alguns lenhadores com
uma machada e levam algumas árvores daqui da mata.
Cá eu
nunca fui cortado, mas há de chegar o dia!
...E o dia
chegou! Numa manhã de Dezembro estava a espreguiçar as raízes e reparei que
tinha uma marca no meu tronco. No início, pensei que fosse uma borbulha, mas
percebi que era para os lenhadores saberem que me têm de cortar.
Entrei
logo em pânico! E quase me saiu o cascado do tronco.
Finalmente
chegaram os lenhadores com um machado. Cortaram-me e meteram-me no camião.
Quando
cheguei à cidade, pensei que estivesse em Hollywood! Fiquei fascinado com as
luzes, fitas, bolas… Mas o melhor de tudo, foi quando me enfeitaram.
Fomos para
uma loja onde tinham imensos pinheiros enfeitados como eu.
Tentei falar com eles, mas não me respondiam
porque eram artificiais.
Chegou um
senhor que me viu e ficou pasmado:
-Que bonito!
Eu, todo
orgulhoso, sorri e as minhas luzes piscaram.
-Vou levar este! – disse ele.
Fiz outro
passeio pela cidade e no meio de uns enormes arranha-céus estava uma humilde
casa.
Meteram-me
num canto da sala e acenderam a lareira, pois não tinham aquecedores para os
aquecer.
Fiquei tão
triste ao vê-los cheios de frios que tirei as minhas fitas e fiz um cobertor
com elas para eles se aquecerem.
Aquela
casa era super pobre, mas só por eu ser tão bonito, gastaram o seu dinheiro
todo.
No início
de Janeiro, começaram a tirar-me os enfeites e, quando me iam arrancar do vaso
não conseguiam. Eu estava preso. Era como se pertencesse à casa!
Então
passei a ser o pinheiro do ano, pois ficava o ano inteiro ali a olhar pela
família.
Miguel