quarta-feira

Histórias soltas...#16


Pinheiro do ano

Olá! Nasci aqui na mata, e é aqui que vivo. Às vezes passam por aqui alguns lenhadores com uma machada e levam algumas árvores daqui da mata.
Cá eu nunca fui cortado, mas há de chegar o dia!
...E o dia chegou! Numa manhã de Dezembro estava a espreguiçar as raízes e reparei que tinha uma marca no meu tronco. No início, pensei que fosse uma borbulha, mas percebi que era para os lenhadores saberem que me têm de cortar.
Entrei logo em pânico! E quase me saiu o cascado do tronco.
Finalmente chegaram os lenhadores com um machado. Cortaram-me e meteram-me no camião.
Quando cheguei à cidade, pensei que estivesse em Hollywood! Fiquei fascinado com as luzes, fitas, bolas… Mas o melhor de tudo, foi quando me enfeitaram.
Fomos para uma loja onde tinham imensos pinheiros enfeitados como eu.
Tentei falar com eles, mas não me respondiam porque eram artificiais.
Chegou um senhor que me viu e ficou pasmado:
-Que bonito!
Eu, todo orgulhoso, sorri e as minhas luzes piscaram.
-Vou levar este! – disse ele.
Fiz outro passeio pela cidade e no meio de uns enormes arranha-céus estava uma humilde casa.
Meteram-me num canto da sala e acenderam a lareira, pois não tinham aquecedores para os aquecer.
Fiquei tão triste ao vê-los cheios de frios que tirei as minhas fitas e fiz um cobertor com elas para eles se aquecerem.
Aquela casa era super pobre, mas só por eu ser tão bonito, gastaram o seu dinheiro todo.
No início de Janeiro, começaram a tirar-me os enfeites e, quando me iam arrancar do vaso não conseguiam. Eu estava preso. Era como se pertencesse à casa!
Então passei a ser o pinheiro do ano, pois ficava o ano inteiro ali a olhar pela família.

 
Miguel